Para que chás tenham o efeito esperado é preciso prestar atenção à procedência das ervas
Apesar do puxão de orelha para quem consome indiscriminadamente plantas medicinais, Bárbara afirma que podem ser ótimos recursos tanto para a prevenção quanto para tratamento de doenças crônicas quando usadas sob indicação de profissionais habilitados, como médicos, farmacêuticos e nutricionistas. Ela explica que a fitoterapia faz parte da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares desde 2006 e é realizada tanto no sistema de saúde público quanto no privado.
Quando questionada se os efeitos do chá de saquinho, aquele industrializado, e da planta fresca, retirada da própria horta de casa, são os mesmos, Bárbara revela que não há muita diferença não. “Chá de saquinho vem de uma procedência conhecida. Vem em caixa com o nome popular e com o nome botânico, científico da planta”, mas alerta que é melhor comprar o produto em locais especializados, já que nas opções industrializadas, muitas vezes, não é possível identificar visualmente qual foi a erva usada. “Com a planta fresca a gente precisa ter certeza da procedência, ter certeza se foi bem limpa, que os animais nos pátios das casas não tiveram acesso a ela”, sugere.
Riscos
Bárbara Spaniol, farmacêutica
Além do risco de intoxicação, há substâncias que podem interagir com outros medicamentos. “A metabolização das plantas e dos chás usam os mesmos mecanismos hepáticos e renais de qualquer outro medicamento, com isso podem potencializar ou diminuir o efeito de um medicamento.” Para evitar o uso excessivo, chás devem ser tomados no máximo até quatro vezes ao dia e somente conforme a indicação de uso.
Uso ainda mais restrito na gravidez e doenças
Segundo Bárbara, para as gestantes que geralmente sentem enjoo no primeiro trimestre “o que se pode recomendar é somente o gengibre”, já que há “testes que comprovam segurança do uso”. Em relação a doenças, pessoas com insuficiência cardíaca, renal, problemas intestinais, como a doença de Crohn, algumas alergias específicas, também devem ter cuidado na utilização de chás.
Cuidado com as plantas que emagrecem
Bárbara também chama a atenção para as fórmulas mágicas para o emagrecimento. Segundo ela, algumas plantas realmente têm a função de emagrecimento, como o gengibre, chamado de termogênico, pois acelera o metabolismo; e a cavalinha, que favorece a eliminação de líquidos. “Quando se diz que um chá emagrece, geralmente é feito uso irracional dele. Entre os muito comuns para emagrecer está a cavalinha porque é realmente um chá que favorece a eliminação de líquidos. Só que o uso excessivo pode promover pequenas fissuras no sistema renal, causando problemas a quem consome”, esclarece.
Modos de preparo
Cada tipo de chá (pode ser folha, flor, raiz ou fruto) tem uma forma correta de preparo:
Infusão (abafar) - É feita com as partes mais moles, como as flores e as folhas da planta
Fervura (por 5 minutos) - Se faz com as partes mais duras das plantas, como as frutas e as raízes
Maceração (amassar) - Não é tão comum, usada para o preparo do alho
Como fazer
Infusão: colocar água fervente sobre a planta e abafar por 5 minutos, coar e beber.
Decocção: ferver por 5 minutos, coar e beber.
Maceração: amassar e consumir.
*Fazer o chá e tomar na hora, ou guardar em geladeira e consumir em até 24 horas.
Chás e indicações
Espinheira Santa, Maytenus ilicifolia: Normalizador nas funções gastrointestinais, especialmente na proteção contra úlcera gástrica. Preparar por infusão: 3g (3 colheres chá) em 150 ml (xícara de chá) – utilizar uma xícara três a quatro vezes ao dia após as refeições.
Alcaçuz, Glycyrrhiza glabra L: Coadjuvante no tratamento de úlceras gástricas e duodenais, também usado em casos de tosses, gripes e resfriados. Decocto: 1 e ½ colher de sopa (4,5g) em 150 ml, ferver por 10 minutos, tomar uma xícara três vezes ao dia antes das refeições.
Cáscara Sagrada, Frangula purshiana: muito comum em fitoterápicos, usado em constipação ocasional. Não usar por mais de três dias!
Cranberry, Vaccinum macrocarpum: suco da fruta como profilaxia não medicamentosa para a prevenção de infecções urinárias.
Alho, Allium sativum: maceração do bulbo: 0,5g (1 colher de café) em 30 ml (cálice). Utilizar um cálice duas vezes ao dia antes das refeições. Usado para hipercolesterolemia (colesterol elevado). Atua como antisséptico e expectorante. Não deve ser utilizado por pessoas com gastrite e úlcera gástrica, hipotensão (pressão baixa) e hipoglicemia (concentração de açúcar baixo no sangue). Não utilizar em caso de hemorragia e em tratamento com anticoagulantes. Descontinuar o uso dez dias antes de qualquer cirurgia.
Importante: Não fazer uso contínuo de chás sem orientação de profissional habilitado; grávidas não devem tomar chás; não tomar chás enquanto estiver amamentando; crianças não devem tomar chás de forma contínua.