Jackson Buonocore é sociólogo e psicanalista
A necessidade de autoafirmação patológica anda por um caminho destrutivo. É aquele que não desenvolve as nossas potencialidades. Mas degenera a psique, podendo provocar distúrbios, ou seja, uma deficiência psicológica com repercussão na área emocional e interpessoal.
A autoafirmação destrutiva se configura como uma enorme carência afetiva, que alguns sujeitos têm, de estar em evidência para ter suas qualidades reforçadas a todo o momento, escondendo a falta de amor-próprio.
Essas pessoas tornaram-se incapazes de dizer não às falsas expectativas sociais. Além disso, a autoafirmação transforma-se em uma manifestação neurótica de se destacar diante dos outros, para ser respeitado, aprovado e enaltecido.
Os adultos que buscam essa autoafirmação, talvez, viveram experiências traumáticas, nas quais sentiram-se desprezados, excluídos ou submetidos às situações inferiores. Eles não conseguiram superar os conflitos internos dos impulsos instintivos entre as instâncias psíquicas ou não superaram os conflitos edipianos.
É comum ver pessoas querendo se autoafirmar o tempo todo: “Eu tenho o melhor carro”, “Eu sou empreendedor”, “Eu sou doutor”, “Eu tenho amigos importantes”, “Eu apareço nas colunas sociais”, “Eu sou uma pessoa religiosa”, “Eu sou o cara”, “Eu sou uma mulher linda”. Assim, tem gente que leva a vida enganando o seu próprio ‘eu’.
Portanto, autoafirmação destrutiva é a demonstração de como funciona o “ego exagerado”. É um recurso que o inconsciente desses indivíduos utiliza para compensar o seu medo de perder espaço na vida pessoal e social. Espaço que nem eles mesmos sabem qual é.