Com casos suspeitos no Reino Unido, Argentina, Panamá e agora no Brasil, a hepatite misteriosa que vem atingindo as crianças e gerando quadros graves tem deixado pais e responsáveis em alerta. Isso porque a causa para o surgimento da doença ainda é desconhecida.
Contudo, a Secretaria da Saúde paulista reporta um caso suspeito a mais: sete. O mesmo ocorre no Espírito Santo, com dois casos. A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro também reporta um caso a mais, sendo seis ocorrências entre crianças de 2 e 8 anos. A morte de um bebê de 8 meses na cidade de Maricá também é alvo de investigação.
O cientista Fernando Spilki, pró-reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão da Universidade Feevale, destaca os sinais que acendem um alerta para a busca do auxílio médico.
"São sinais gerais de dor abdominal, desconforto abdominal, também característicos de outras hepatites, mas também confundíveis com outras doenças, dor no corpo, e, em algumas crianças, a diarreia. Além disso, há aqueles sinais mais característicos da hepatite como o amarelamento na esclera, aquela parte branca do olho, às vezes até a pele fica com aspecto de amarelada", diz, acrescentando que no mundo foram reportados casos em adolescentes, com 12 e 13 anos, e bebês, mas a maioria é de crianças em idade pré-escolar.
Spilki reforça que os pacientes têm sido testados para os vários outros agentes como enterovírus. "Também tem sido feita uma abordagem chamada metagenômica, em que são avaliados todos os genomas que possam estar naquela amostra biológica e ver se há algum agente novo ali, além do adenovírus ou no lugar dele, para um real resultado. Isso deve ter um resultado nas próximas semanas."
Conforme Spilki, uma parte dos pacientes com a hepatite misteriosa apresentou infecção por Covid-19 ou coinfecção (Sars-Cov-2 e adenovírus), mas a hipótese de ligação com a Covid está sendo descartada. "Tende mais ao adenovírus 41, mas ainda assim há dúvidas, pois normalmente ele não está associado a hepatite, mas a diarreia e vômito. Mas não está fora de questão que ele tenha sofrido alguma alteração em seu genoma e esteja com um padrão diferente. Até hoje a hepatite por adenovírus 41 só tinha sido observada em pacientes imunossuprimidos, como pessoas com HIV", diz.
Já sobre a vacina, a relação está totalmente descartada. "Crianças fora da faixa etária de imunização, não vacinadas ainda também apresentaram a doença. Basta pensar nos milhões de crianças vacinadas contra a Covid-19 e nunca foi reportado esse tipo de sinal", completa o especialista.
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