O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que recomendou a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19. "A Anvisa virou um outro poder no Brasil. É a dona da verdade em tudo", disse o chefe do Executivo em sua primeira transmissão ao vivo semanal nas redes sociais em 2022.
Mais cedo, durante uma entrevista à TV Nova Nordeste, de Pernambuco, Bolsonaro já havia feito críticas à agência. Um dia depois de o Ministério da Saúde anunciar o início da vacinação infantil no País, o presidente chamou quem defende a imunização desse grupo etário de "tarados por vacina". "Qual o interesse da Anvisa?", perguntou.
Durante a live, o chefe do Executivo também voltou a colocar em dúvida a eficácia das vacinas, comprovada cientificamente. Bolsonaro citou casos de reinfecção pelo coronavírus, sem citar que as pessoas imunizadas podem contrair a doença, mas geralmente apresentam sintomas leves.
"Está comprovado que quem está totalmente vacinado pode contrair o vírus, pode transmitir também", declarou. "Vacina é algo que ainda desperta muita desconfiança", acrescentou, ao citar os efeitos colaterais da imunização contra o coronavírus.
Bolsonaro voltou a dizer que não vacinará a filha Laura, de 11 anos. Sem citar nenhum estudo, disse que crianças vacinadas podem sentir dores no peito e falta de ar.
Já durante sua participação televisiva, ele também afirmou não ter conhecimento de crianças nessa faixa etária que teriam morrido em decorrência da doença, dando a entender que, por isso, não era necessário vacinação neste grupo. No entanto, existe a comprovação de ocorrência de mortes de crianças entre cinco e 11 anos por Covid-19.
Na tentativa de, novamente, colocar em dúvida a importância da vacinação das crianças, o presidente alegou que se "algum moleque que morreu de Covid" tinha "outra comorbidade qualquer". "Quando se trata de criança, não se deixe levar pela propaganda", disse.
Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do o Sistema de Informação de Vigilância da Gripe (Sivep-Gripe) apontam que ao menos 560 crianças entre 5 e 11 anos morreram de Covid-19 no País, segunda maior causa de óbitos na faixa, atrás apenas de acidentes de trânsito.