As companhias que abastecem Novo Hamburgo (Comusa) e São Leopoldo (Semae) alertam para a necessidade de uso racional da água em razão da estiagem. Apesar de a chuva de quarta-feira (5) ter melhorado o volume do Rio dos Sinos em Novo Hamburgo - o nível passou de 1,86 metro no fim de semana para 3,71 metros nesta quinta (6) –, a tendência é de aumento do consumo no verão.
Por isso, as duas autarquias reuniram-se ontem para definir estratégias conjuntas para conscientização dos moradores. “É necessário que a população entenda que [a água] não é um bem infinito e que, neste momento, estamos passando por uma imensa dificuldade. Se todos colaborarem um pouco, o impacto será muito positivo", diz a diretora-geral da Comusa, Andréa Braun.
Na quarta-feira, a Comusa chegou a interromper por cerca de três horas a captação de água em Novo Hamburgo por conta da estiagem, que aumentou o acúmulo de resíduos no leito do rio, inviabilizando o tratamento da água.
Além do problema da falta de chuva, a Comusa esclarece que no verão o aumento do consumo é de quase 7%, principalmente aos sábados, quando o gasto de água é maior.
A Comusa iniciou em dezembro a campanha de verão #FechaPraPreservar, destacando, tanto nas redes sociais quanto na mídia, a importância de evitar o desperdício e do consumo consciente.
O Semae também vai lançar nos próximos dias sua campanha incentivando o uso consciente de água tratada no período de estiagem.
A chuva de quarta-feira melhorou a situação do Rio dos Sinos também em Campo Bom. O nível da água, que variava entre 1,15 e 1,25 metro desde a última semana de 2021, passou a 1,40 metro, segundo monitoramento da Secretaria de Meio Ambiente (Sema).
A tendência, informa o municipio, é de que o volume ainda suba nos próximos dias, quando descem as águas das regiões altas do Sinos.
Entretanto, a situação segue de alerta, já que a previsão é de que a estiagem se prolongue no Rio Grande do Sul.
“Por hora, não há risco de desabastecimento ou falta de água nas residências. A ampliação realizada na Estação de Tratamento de Água (ETA) de Campo Bom, bem como o novo sistema de captação instalado no ano passado, garantiram maior segurança no abastecimento para a cidade”, destaca o prefeito Luciano Orsi.
No início da semana, foi identificada a morte de peixes no rio, fenômeno que se repete nos períodos de verão com estiagem.
Apesar do abastecimento ainda não estar comprometido, a recomendação é de que a população economize água e, se possível, mantenha reservatórios nas residências, além de evitar o desperdício ao lavar calçadas, paredes, telhados, entre outras finalidades não essenciais.
O prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, e o titular da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semmam), Anderson Etter, fizeram uma vistoria no Rio dos Sinos nesta manhã. A ação, realizada de barco pelo curso do rio, serviu como um trabalho de averiguação da situação atual das águas.
Com a chuva de quarta-feira, o nível do rio subiu, chegando a 2,30 metros no ponto de captação de água. Na última terça-feira (4), o Sinos estava com 1,10 metro, elevando a situação a uma zona de alerta.
Nos últimos anos, o município investiu na infraestrutura do sistema de abastecimento, por meio de uma nova elevatória de água bruta e na substituição de redes de distribuição. Além disso, houve a diminuição dos índices de perda, aplicando o programa de eficiência hidroenergética, garantindo melhor gestão do uso da água.
“Fizemos uma fiscalização em função da grande seca e da perspectiva de pouca chuva até o mês de maio. A chuva de ontem ajudou, mas logo vai baixar o nível para uma situação dramática. Esse contato é uma forma de divulgação para o uso racional da água e um cuidado com o meio ambiente. O rio abastece mais de 1,4 milhão de gaúchos em toda a sua bacia e nós estamos monitorando permanentemente”, disse o prefeito Vanazzi sobre o objetivo da vistoria.
O titular da Semmam, Anderson Etter, falou sobre a possibilidade de racionamento de água. "Os investimentos realizados nos trazem segurança em relação ao abastecimento. Entretanto, se o nível de água chegar a 50 centímetros ou menos no ponto de captação de água, entraremos em uma situação bastante crítica. Em 2019, também passamos por um período de estiagem, entretanto, só no fim de fevereiro chegamos à marca de 1,10 metro. Agora, estamos enfrentando essa situação no início do ano, por isso se faz necessário ações de controle e fiscalização ambiental”, comentou.
"É importante que todos estejam atentos e adotem medidas que evitem o desperdício de água”, afirmou o secretário.
Fonte: Comusa