Uma reunião de apaixonados por selos, moedas, carrinhos, bonecas, suculentas, revistas, bonecos de super-heróis, carros antigos e uma infinidade de itens que podem se transformar em uma coleção. Esse é o cenário do 7º Colecionarte, realizado neste fim de semana no Parque de Eventos Almiro Grings, em Igrejinha. O evento segue até as 17 horas deste domingo (15), com entrada gratuita.
O presidente da Associação dos Amigos da Cultura, História e Colecionismo (Asachic), Luiz Carlos Zimmer, detalha que há participantes de Vera Cruz, Taquara, Porto Alegre, Canoas, Montenegro, Lajeado e Criciúma, além, é claro, do próprio município. "O Colecionarte começou com uma estrutura menor, mas, justamente por misturar três pontos – história, cultura e coleções –, acaba despertando curiosidade e vai aumentando o laço de amigos, formando essa rede", afirmou.
Evento democrático
O prefeito de Igrejinha, Leandro Hörlle, esteve presente no evento no sábado e ressaltou o quanto a comunidade local aprecia o Colecionarte. "É um dos eventos mais queridos pela população de Igrejinha justamente porque é democrático, porque integra desde a criança até a pessoa da melhor idade, todos têm algum tipo de interesse. E por ser um evento de multicolecionismo atrai todos os públicos, não fica restrito a um segmento específico, preservando essa memória histórica, cultural, afetiva que temos aqui."
E mesmo antes do término do encontro, as autoridades já planejam a edição 2023. "Para o ano que vem, temos os colecionadores fieis, que estão conosco desde 2014, mas estamos pensando numa ampliação do evento, tendo em vista que o espaço está bem tomado e já começa a ficar pequeno. Então, teremos novidades que serão anunciadas em breve. E lembrando que aqui tem coisas antigas, mas também bem atuais", pontuou o coordenador municipal de Cultura de Igrejinha, Maxwel de Matos.
Nos trilhos da infância
O autônomo Antônio Carlos Teixeira de Souza Júnior, 60 anos, de Taquara, levou a sério uma brincadeira de infância. Bisneto, neto e filho de ferroviários, ele viu o seu dia a dia perto dos trilhos se tornar uma coleção de miniaturas de itens ligados às ferrovias. Dos antigos ferromas a placas de cruzamento das estradas com ferrovias, ele mergulha diariamente neste universo da maria-fumaça.
“Meu avô era maquinista, me criei nesse meio e fui colecionando fotos e vídeos e depois os itens de ferrovia. Isso aqui é a minha infância, essa paixão por trens é história, é amor, é a preservação das ferrovias, coisa que muitas crianças hoje em dia nem sabem o que é”, conta.
Encantos da luz e do fogo
Segurando um abajur a gasolina, fabricado em 1912 nos Estados Unidos, o médico Alexandre Corrêa Fernandes, 48, de Igrejinha, mostra sua coleção encantadora com peças como lamparina, lampião, fogareiro, aquecedor e fogão, a maioria deles a gasolina ou a querosene. Ele tem 100 peças e se maravilha com a possibilidade de tanta coisa feita há alguns anos que não necessitava de energia elétrica. Até um projetor de sildes a querosene, em funcionamento, integra a coleção. “Antigamente se tinha de tudo a querosene, até geladeira, então eles usavam o fogo para fazer gelo, isso é fantástico”, conta o médico, acrescentando que sua primeira peça foi um fogareiro a querosene herdado da avó.
Caixas de fósforo de todos os tipos
A coleção de caixas de fósforos do coordenador de compras José Luis de Avila, 56, de Dois Irmãos, é tão ampla que ele resolveu levar para a exposição em Igrejinha apenas parte do acervo, com o tema esportes vistos em caixas de fósforos. Estampando as peças, brasões e imagens de times de futebol, do basquete americano, jogadores da seleção de 70, modalidades olímpicas e até um tributo a Ayrton Senna.
E ele já repassou à filha o amor por colecionar. “Com 16 anos, ganhei de aniversário de uma viúva 300 caixinhas de fósforo russas, daí comecei a juntar, a pesquisar, conheci outros colecionadores e desde cedo ensinei minha filha, que hoje tem 24 anos, a também gostar de coleções. Hoje ela é apaixonada por moedas do Brasil”, conta o filamenista, nome dado ao colecionador de caixas de fósforo.
E José Luis tem a sua preferida sim. “É uma dos Fósforos Cometa, de Porto Alegre, de 1925. Através dela eu fiz muitos contatos e amigos, então é muito especial para mim”, diz. A mais antiga é uma caixinha de 1860. Para a foto, ele escolheu mostrar uma caixa de fósforos para lareira, da Inglaterra, que estampa a caça à raposa, em 1940.
Trocas e contatos
A feira também abriu espaço para comercialização de produtos colecionáveis, o que agradou ao bancário aposentado Rubem Lelling, 72, de Igrejinha, que tem uma pequena coleção de moedas e selos. Ele parou na banca do professor de Física, Acreano Meneghello, 60, de Porto Alegre, para conhecer as moedas. “A gente até se perde, é muita coisa para olhar e as moedas sempre me atraíram, tenho algumas do tempo do Império. A gente que saber a história do ser humano por trás daquela moeda, tudo sempre é criado com um porquê”, diz Rubem. Já Acreano diz que expõe, vende ou troca as peças levadas nessa primeira participação no Colecionarte, todas muito bem cuidadas e admiradas. “Desde criança eu achava lindas as paisagens nas moedas e cédulas, me apaixonei e fui colecionando”, conta.