A Polícia Civil concluiu nesta terça-feira (28) o inquérito que investigava a queda de um carrinho de montanha-russa em um parque de diversões instalado em Imbé, no Litoral Norte. Os proprietários de duas empresas do ramo e o engenheiro mecânico responsável pela estrutura foram indiciados por lesão corporal com dolo eventual. O acidente aconteceu na noite de 8 de fevereiro e deixou quatro pessoas de uma mesma família feridas, sendo três adultos e uma criança.
O delegado Antônio Carlos Ractz Junior, responsável pela investigação, explica que a vencedora do processo de concessão no município estava instalada em outras cidades e, por isso, contrariando termo adminstrativo firmado com a prefeitura, cedeu o local para a parceira Top Park. Os donos de ambas as empresas responderão pelo acidente. (Leia o posicionamento abaixo).
De acordo com o Executivo, a Silvinha Family foi autorizada a utilizar o espaço de novembro de 2021 até março deste ano; o parque (irregular) foi instalado em dezembro. Após o acidente na montanha-russa, em fevereiro, a Justiça determinou o bloqueio de equipamentos da Top Park.
Brinquedo não estava nivelado e houve sobrepeso
A investigação constatou que o brinquedo, pertecente à Top Park, não estava bem nivelado e descumpria normas estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Além disso, o parque não possuía documentações obrigatórias.
Sobre o funcionamento da montanha-russa, a Polícia afirma que não havia supervisão direta do responsável técnico e que os operadores não tinham treinamento adequado, nem forneciam instruções claras aos usuários. Também não havia controle do limite de carga (peso dos passageiros) ou checagem quanto ao uso do cinto de segurança.
O Instituto-Geral de Perícias (IGP) apontou que o descarrilamento e capotamento do carrinho aconteceu por causa do excesso e da má distribuição de peso no brinquedo.
O acidente aconteceu com uma família de São Leopoldo. No banco de trás do carrinho, estavam a designer Ana Vicente Machado de Campos, 25 anos, e o esposo, Julio César Correa de Campos, 32. O banco da frente foi ocupado pela irmã de Ana, Mariana Vicente Machado, 9, e pela cunhada Eliandra de Vargas Machado, 25. Os quatro ficaram feridos após o carrinho descarrilar e despencar da montanha-russa. Todos precisaram de atendimento médico.
A situação mais grave foi a de Eliandra, que precisou ser internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Divina Providência (HDP), em Porto Alegre. Ficou hospitalizada por aproximadamente 40 dias. Passados quase cinco meses, a família ainda se recupera do susto.
O advogado Gustavo Rieth explica que seus clientes, apesar dos traumas físicos e psicológicos, consideram o caso resolvido com as duas empresas. "No aspecto jurídico na esfera cível, já foi realizado acordo de compensação e assistência à família, devidamente paga pelos proprietários dos parques."
O advogado que representa os proprietários das duas empresas, Giuliano Vettori Carvalho, se manifestou por meio de nota. "Considerando que o Inquérito Policial foi instaurado e vem tramitando desde o início em segredo de justiça, a defesa informa que se manifestará nos autos assim que for intimada sobre a manifestação do Ministério Público."
A reportagem não teve acesso ao nome do engenheiro mecânico indiciado.